quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Aqueles que já se foram...

Esses dias num dos nossos encontros da Primeira Eucaristia um dos catequizandos me perguntou: “Se Deus é bom, por que a gente morre?”. Nunca uma pergunta desse caráter me tinha sido feita. Pensei um pouquinho, voltei na história da Eva, passei por Jesus e dei um remate final.


A morte nunca tem sido encarada de uma maneira boa. Tememos a morte, mas é uma coisa muito próxima. Todos morrerão um dia.

Nossa vida na Terra é uma coisa passageira, preparação para a Vida Eterna. Por isso aqui, devemos buscar as coisas do alto, para alcançar a ressurreição. Se Jesus passou pela morte nós também passaremos. Quem crê nele não morrerá jamais.

Na lápide do túmulo do meu avô materno, Sebastião Donato Nascimento, tem uma frase que acho muito profunda, é assim ninguém morre enquanto permanece vivo no coração de alguém. Realmente no dia em que nos esquecermos completamente daquela pessoa que faleceu, aí sim poderemos dizer que ela morreu. Não gosto de dizer que as pessoas que amo morreram. Não. Faleceram. Acho mais ameno. Sei que ainda estão vivas no meu coração.

No dia 31 de maio desse ano, nossa família foi literalmente pega de surpresa. Meu primo de vinte e poucos anos faleceu em decorrência de um acidente de moto. Nunca havia passado por experiência semelhante. Na nossa família até então, que me lembrasse, só havia falecido meu avô com oitenta e seis anos. Foi um baque para todos. Poxa, nós crescemos juntos... Até hoje não me sai da cabeça a forma como ele chamava-me: Pituca ou Luquinha. Deixou muita saudade. Uma família que agora procura forças para prosseguir em frente, força que buscaremos na certeza da ressurreição.

Diante da morte nos sentimos impotentes. Uma criança pode morrer em nossos braços sem que possamos fazer nada para salvá-la, reanimá-la.

Sempre procuro tirar lições positivas dos fatos negativos. Sei que nada é por acaso.

Uma coisa eu sempre falo: devemos valorizar as pessoas enquanto estão ao nosso lado, pertinho da gente. Hoje estou vivo e amanhã? A morte pode surpreender-nos como ladra. Aproveite para abraçar sua mãe, seu pai, dizer o quanto são especiais para você (experiência própria, admita que são seres humanos e tente compreender seus erros), dar aquele abraço gostoso nos seus irmãos, seus primos, seus afilhados. Na família inteira. Depois do funeral só resta-nos rezar pelos falecidos. Não adianta chorar. Afinal a morte não é o fim, mas o começo de uma nova vida.

Não a nada pior que uma casa vazia. Do que uma mãe olhar para a cama e saber que seu filho nunca mais deitará nela, correrá aos seus braços na procura de carinho. Considero essas mães grandes heroínas, pena que às vezes valorizamos mais a personagem da telenovela do que nossa grande mãezona. A você mãezinha que perdeu o seu filho tenha certeza na força da ressurreição e espelhe-se em Nossa Senhora que também passou pela dor da perda.

Daqueles que se foram deixemos apenas as boas lembranças, as boas palavras e as saboreemos como a doce melodia de uma música. Não têm motivos guardar magoa de quem morreu.

Uma passagem bíblica da missa de réquiem do meu primo (da qual já tinha conhecimento) me marcou muito. Tenho certeza que marcará você também. “Amadurecido em pouco tempo, o justo atingiu a plenitude de uma vida longa. A alma dele era agradável ao Senhor, e este se apressou em tirá-lo do meio da maldade. Muita gente vê isso, mas não compreende nada; não reflete que a graça e a misericórdia de Deus são para os seus escolhidos, e a proteção dele é para os seus santos” Sabedoria 3, 13-15.



Pax Domini!

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