Quando chegava aqui em casa a primeira coisa a fazer era abrir aquele sorriso maravilhoso e dizer “bença vó”, depois vinha até mim e dizia “e aí Luquinha firmeza”. (variava para Pituca de vez em quando, resultado de uma musiquinha feita só para mim Lucas Pituca, ladrão de açúcar, que já me deixou muito nervoso quando era birrento e rapinha do tacho da mamãe). Não era de conversar muito, mas sua presença nos deixava felizes. Fabinho, nosso Fabinho. Crescemos juntos. Diferentemente do que aconteceu com os outros primos, nunca brigamos. Sempre na dele, caladinho, quietinho, com alguma brincadeira de vez em quando. Deixou muita saudade em nossos corações.
Sei que não é fácil aceitar a morte, afinal ela não nos parece normal. Sempre digo que nos acostumamos, mas jamais aceitamo-la. Não sou muito de chorar em velório, mas naquele dia quando cheguei à celebração de corpo presente na sua casa em Goiânia (depois teve outra na matriz da nossa paróquia), algumas lagrimazinhas silenciosas me pegaram de surpresa. Cantavam uma música bem assim, sempre fica um pouco de perfume/ nas mãos que oferecem rosas/ nas mãos que procuram ser generosas (só me lembro desses versos). Sim as boas lembranças ficam. Jamais se apagarão de nossa memória. E você Fabinho deixou muitas boas lembranças. Filho bom, irmão amável, primo bacana como se diz por aí, amigo legal. Se fosse colocar os adjetivos que te compete, ixe, esgotaria meu vocabulário. Você não se tornou bom porque morreu como acontece com muitos.
Quando vejo a tia Mércia ou o tio Edmundo cabisbaixos não sei o que fazer por eles. Tento puxar conversa. Distraí-los. Será que alguma coisa é capaz de curar a dor dos pais que perdem seus filhos? Ainda não sei.
Ao ver a Fernanda ou ler seus textos me pergunto: o que fazer para ajudá-la? Dizer que creia na ressurreição? Sim, isso aí. Devemos crer na ressurreição firmemente. A morte não é o fim, mas o começo de uma nova vida em Cristo.
Quando alguém morre sempre leva um pedacinho nosso consigo e deixa um pedacinho dele conosco.
Não teria como a morte vir de uma forma mais amena? Tipo assim, marcar hora, dia, mês, como numa viagem de avião para um país distante? Despedir-se primeiro da família, dar aquele beijão em todo mundo, dar um beliscão naquela irmã chata, um croque na cabeça daquele primo grudento, dar um tapinha nas costas e dizer “te espero lá”? Não, não tem como. Sabe por quê? Olha como Nosso Senhor morreu coitado, cravejado de espinhos, ferido, pregado numa cruz. Se o filho de Deus teve uma morte não tão bela assim (para uns), quem dirá a nossa.
Gosto de pensar que sempre após a dor vem a alegria, aí me vem a memória a letra daquela música pois Deus é amor e jamais te deixará sofrer. Com certeza o Senhor não nos dará um fardo mais pesado, do que aquele que consigamos carregar.
O sofrimento para mim é como a lapidação que sofre o diamante: para ser tornar bonito, sem nervuras, é necessário que passe por um processo de pequenas perdas, é necessário perder pedaços. Deixar de ser uma pedra bruta, para tornar-se uma pedra preciosa. Acho que sou um diamante bem durinho, ahhhhhh.
Quanto a você Fabinho, está vivo bem aqui no meu coração, com o mesmo sorriso da primeira vez que te vi (não me lembro bem, mas ele nunca mudou). Rezo por você todos os dias no meu terço, para que São Miguel e Nossa Senhora Auxiliadora te conduzam a Pátria Celeste.
Descanse em paz, em Nosso Senhor Jesus Cristo!
Pax Domini vosbiscum!
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