Nestes três anos de catequista tenho observado o quanto a catequese católica está ineficiente. Os livros que temos em mãos são de dez e até vinte anos atrás, não recebemos apoio de quase ninguém de nossas paróquias (inclusive dos párocos), temos que saber vencer o tédio e a mesmice usando os recursos disponíveis (que em nossa comunidade não passam de um quadro velho, algumas carteiras caindo os pedaços e um salão comunitário, inadequado para uma sala de encontros, repleto de poeira) e a constante falta de responsabilidade dos catequizandos, que às vezes são meros turistas.
A catequese às vezes torna-se um fastio. Fica-nos difícil passar um filme à turma, para de uma forma dinâmica doutriná-los, pois não contamos com TV e DVD. Contamos apenas com os inseparáveis: lousa, giz, livro (para o catequista, deixo bem claro), caderno, lápis e borracha. Em nossos Recursos Utilizados dos Planos de Aula, usamos apenas clichês. Sempre a mesma coisa.
Se os padres e até mesmo os bispos não abrirem os olhos a tempo, verão brevemente a Igreja mergulhar na ignorância. Cada vez mais, nós catequistas, estamos desmotivados e com baixa autoestima. Tornar-se catequista é um desafio a ser aceito. Não é á toa que caem os números dos candidatos ao serviço missionário.
Nem sempre o que ganhamos dos padres são apoio e elogios, muitos nos culpam por os catequizandos não estarem completamente doutrinados, mal saberem rezar o Credo.
A doutrinação não é fácil em nenhum ângulo. Temos que lidar com crianças de diferentes costumes, famílias e meios sociais. Nem sempre o que ensinamos nos encontros semanais é levado satisfatoriamente para casa. Muitos pais nem se interessam por perguntar a seus filhos o que aprenderam nesse ou naquele encontro. Sem contar que não passamos por nenhum curso de didática catequética ou aprofundamento doutrinal. Ensinamos muitas das vezes aquilo que aprendemos com nossos catequistas.
Luto contra a ineficácia catequética, pois sei que as crianças e os jovens que passam por minhas mãos, com o auxílio de Deus, são o futuro de nossa Igreja. Se formarmos bem nossas crianças católicas, consequentemente não teremos tantas imigrações às igrejas protestantes, inclusive o ateísmo. Precisamos, queridos catequistas, com os recursos que temos, formarmos sólidas bases na concepção cristã dessas crianças. Mesmo que às vezes estejamos esquecidos, precisamos anunciar o evangelho.
Tenho a resposta do questionamento feito por tantos católicos: “Por que o número de fiéis da Igreja decresce?” Porque não estamos formando nossas crianças e jovens devidamente.
Conheço ótimos catequistas, que executam fielmente o dever que lhes compete, mas também conheço catequistas que deixam a desejar. Não tem como deixar que um jovem crisme sem saber o conceito da Igreja nos tempos primitivos, os principais ensinamentos de Cristo, o culto católico subdividido em Dulia, Latria e Hiperdulia e as bases do Catecismo. Isso é algo inaceitável. A mesma coisa de um aluno sair do Ensino Médio sem ter noção de Gramática.
A culpa também é nossa, que cumulados do comodismo, não procuramos atualizar nosso conhecimento.
Os nossos encontros, aqui em nossa comunidade, seguem esse cronograma:
1º Acolhida: iniciar o encontro com uma mensagem de reflexão é muito bom, assim os catequizandos param para fazer uma revisão de seus atos.
2º Exposição do tema: uso esse espaço para saber qual a concepção que eles têm do tema do encontro, sabendo assim em quais pontos terei mais dificuldade para instigar-lhes o pensamento opinativo e a visão cristã, doutrinal e dogmática da Igreja.
3º Desenrolar: exponho o tema, explicando e sanando dúvidas. Geralmente faço uma resenha com os principais pontos do encontro.
4º Atividades: aplico atividades para saber o que os catequizandos assimilaram e no que ainda têm dúvidas. É importante aplicar atividades que agucem o senso critico e opinativo, valorizando a pessoalidade de cada um. Por isso não opto por questões que me deem respostas prontas e previamente formuladas. Com questionários formamos apenas máquinas, que armazenam dados e arquivos.
5º Oração Final: é imprescindível terminar o encontro com um momento orante. É bom também para sabermos quais orações os catequizandos já aprenderam.
Desenvolvo muitos projetos, o que salvam nossos encontros, entre eles: Rosas para o meu Senhor, Nossos irmãos na fé, Interpretando a Bíblia e Cartas Apostólicas (prometo que depois os postarei).
Rezo a Deus para que no Sínodo da Arquidiocese de Goiânia, olhem com carinho para a catequese, que solta seus últimos suspiros.
Que São Pio X, padroeiro dos catequistas, de nossa classe, nos abençoe! Amém!
Lucas Pedro do Nascimento